quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Respeito (comentário)

Muitos são os caminhos para a verdade - como ousarias impôr o teu próprio como único? Todos os caminhos vão dar a Deus, apenas que uns são mais duros e curtos e outros mais suaves e longos - como ousarias estabelecer a opção dos teus Irmãos, quando por vezes te é tão difícil encontrar a tua própria opção?

Como avaliarias o nível de cansaço de cada um? Como saberias quais os limites da força e da coragem? Deixa isso ao Mestre, tu que pensas que tudo sabes! Limita-te a tudo ouvir, a tudo compreender, a tudo respeitar.

Dás voltas e voltas à montanha, muitas vezes descendo para depois poderes voltar a subir! - quando poderias erguer-te a pique sobre as tuas asas!

Como ousarias, pois, olhar com desprezo os que ainda se encontram no sopé e nem iniciaram o caminho? Quem sabe se, uma vez decidida a subida, não chegarão ao cimo ainda antes de ti?

Lembra: a tua missão é a da pastora que segue com o seu rebanho apenas pelos caminhos que ele tem capacidade para subir, e atrás!

Uma flor, tão mais pequena que uma estrela, será por isso menos bela? Imaginas um Universo sem flores e apenas feito de estrelas? Não imponhas o teu próprio ponto de vista crendo ser este uma estrela! E mesmo se fosse? Deveria o Senhor sacrificar a singeleza das flores ao brilho das estrelas? Respeita tudo e ajudarás a construir o Universo, ó co-criadora!

Ensinar é ajudar a colocar no exterior aquilo que o Discípulo tem no interior - e não de forma alguma enchê-lo com aquilo que não pode conter.

Não vieste tu para ensinar? Então terás primeiro de perscrutar os corações, em vez de apenas ouvires o teu próprio.

O único valor que vale a pena proteger é a Liberdade, ou seja, Deus, pois só Ele é Livre! Defende a Liberdade de cada um e só assim serás a Pastora de Deus. Não aprisiones em nome da protecção.

Maria (mater)

Respeito

Uma Sacerdotisa não agride quando fala ou actua, mesmo que por um bom motivo. A sua palavra é doce, o seu semblante é sereno.

Uma Sacerdotisa não domina nem impõe a sua vontade, mesmo que para proteger.

Uma Sacerdotisa não abafa aqueles a quem ama, com o seu próprio ponto de vista, pois sabe que o milagre do Universo reside na diversidade de todas as coisas vivas - e no seu direito à diferença.

Uma Sacerdotisa recusa a tristeza e a depressão, pois sabe que essas são as armas com que os do Abismo tentam vencer os Filhos da Luz.

Maria (mater)

Prontidão (comentário)

Só o ser realizado está pronto. Só há realização quando se olha para além de si próprio a fim de realizar o mundo. Para realizar o mundo é preciso estar-se atento.

O cachorro que dorme com uma orelha levantada, atento ao mais pequeno sinal, é a mais perfeita imagem da prontidão: suficientemente sereno para que possa dormir, suficientemente atento para que possa agir - vive no eterno presente.

Esquecida de ti, monta guarda aos pés do Mestre, como perfeita guardiã, ó Sacerdotisa! Vê a Constelação do Cão, montando guarda à Via Láctea!

O método para estar pronto é a Serenidade atenta. O método para a Serenidade é olhar por cima do muro - para além dos estreitos horizontes. O método para a atenção é a perfeita valorização de todas as coisas criadas - da flor à estrela, tudo é único!

Sê o centro do Universo, mas para que, imóvel, forneças a energia que permita às coisas e às criaturas girarem a partir de ti - e não para ti. Pôr o mundo a girar para si, fornecendo-lhe uma força centrípeta, como fazem os néscios, é servir a si mesmo até certo ponto e ser aniquilado pelo impacto do mundo, a partir de outro ponto.

Pôr o mundo a girar a partir de si, fornecendo-lhe uma força centrífuga, como fazem os deuses, é servir ilimitadamente e é expandir-se com o mundo que se expande: para cima e para o alto. Eis a generosidade da Sacerdotisa da Senhora!

Perseverar e estar atenta, olhando além de ti própria, é não conhecer o cansaço - ao contrário do que se julga. O cansaço é fruto de um olhar circular sobre ti mesma - a energia não se renova, vicia-se. Olha os outros e gerarás a troca energética que tudo renova. Repara no Sol, que não se cansa!

Maria (mater)

Prontidão

Uma Sacerdotisa é generosa, sempre presente e actuante. Uma Sacerdotisa está sempre pronta, seja qual for a hora ou o lugar. Uma Sacerdotisa é perseverante, mesmo quando todos já se cansaram de perseverar.

Uma Sacerdotisa não conhece o descanso. Nunca se nega. Nunca se recusa. Uma Sacerdotisa possui o espírito do sacrifício (sacro ofício) e sacraliza tudo quanto faz.

Para a Sacerdotisa só existe um comando, o do Mestre. Uma regra: a da fidelidade.
Um objectivo: a realização da Obra.

Maria (mater)

Acção (comentário)

Ser ou não ser! Ser é estar no momento presente - nem no passado nem no futuro. Quem está, em consciência e assumindo, é. Quem é não pode não ser - tal como quem está em consciência, não pode não estar.

Quem quer a morte iniciática não pode querer a vida profana, e tampouco pode dar o passo de recuo quando ela se aproxima, pois no processo do Discipulado, quem pediu e foi aceite pelo Mestre, não mais pode voltar atrás. E se renegar, será renegado - pois quem pede para não ser, não será, e isso implica destruição. Se pediste, aceita. Coerência, ó Sacerdotisa, Coerência!

Ser integralmente é aceitar e assumir a própria força interior que deslumbra e toca o coração como um raio. É ouvir a verdade da alma que não se compadece com compromissos ou padrões!

Ser é agir, mesmo na imobilidade, pois quem é entra no centro da roda das coisas que toca e torna-se seu motor imóvel e seu destino. Entrar na imobilidade sem acção é entrar no coração da morte da alma e tornar-se sombra - e tu, ó Sacerdotisa, não vieste para morrer mas para viver, e nessa vida seres Luz e nunca escuridão e pranto.

Purifica o teu corpo, vai! Purifica o teu corpo! E cessa de te lamentar e ranger os dentes. Tu vieste para te sintonizar com a alegria, a harmonia e a saúde ; e a saúde estará em ti se o teu pensamento for saudável. Que tristeza: uma Sacerdotisa doente!

Uma vez purificado Corpo, Pensamento e Alma, terás optado e então, sim! Serás! E quando tu fores, sem equívocos nem enganos, quem te vir verá o Mestre! Quem estiver contigo com Ele estará! Então, curarás e ensinarás! Mas primeiro, sê como aquelas criaturas que vivem e morrem na harmonia ; primeiro cura-te a ti própria!

Escuta, minha bem amada! Recusa definitivamente a lustral luz brilhante de Satan!
A Luz a que vieste é incolor e translúcida. Não brilha, anima! Arde sem se ver, como disse o Poeta.

Maria (mater)

Acção

Uma Sacerdotisa sabe optar, não se imobiliza.

Uma Sacerdotisa não força os outros, pela sua própria imobilidade, a realizarem a sua vontade.

Uma Sacerdotisa sabe que uma das formas de maior violência é a prática ostensiva da não-violência.

Uma Sacerdotisa não faz a concessão de, por vezes, transportar num ombro a água de Deus e no outro a de Mamon.

Maria (mater)

Valentia (comentário)

Ser valente do ponto de vista alquímico (e químico) é possuir significado comparativo. O significado surge para o ser quando se assume como Estrela e encontra a sua própria dimensão de grandeza.

Ser Valente é ter Valor, é existir. Só existem realmente aqueles que são capazes de afrontar as barreiras íntimas bem como as externas. O medo é a Sombra a cantar ao vosso coração, para enganar.

Tu és a Estrela matutina e também a Estrela nocturna, ó Sacerdotisa! Em ti se junta a Lua e o Sol. Tu és o número 8 dos Grandes Arcanos, o número 8 que se deita sobre o horizonte para infinitizar o Ser.

Só em ti o Universo se eterniza. Porém, na tua humildade, deverás ser a infinitésima parte considerada, a infinitesimal Valência do ovo sem a qual não haveria a manifestação infinita.

O medo é uma máscara que a alma põe sobre a sua realidade apavorante: só pode existir sozinha e sem a perversão da Luz que é a Matéria e a Morte.

Os Valentes afrontam a morte para nela se dissolverem e não se importam.

O medo é a máscara que cai para mostrar a falta de Amor que é a desconfiança. Tem confiança! É o apelo que o Mestre te lança. Só na inocência cresce a Valentia. Sê pois inocente e tudo vencerás.

Foste feita para as árduas batalhas, para os apavorantes desafios, para o confronto com todos os Arcanos, não te negues!

Ainda que o véu da personalidade caia aos teus pés sacerdotais e fiques nua e fria num brilho magnético de túmulo, não te negues nunca! Vieste para Valer, não para brincar com as Forças Divinas, como os seres profanos.

Maria (mater)

Valentia

Uma Sacerdotisa é valente. É na verdade uma guerreira. Quanto maior é o obstáculo, mais se motiva para o vencer. A sua arma, porém, é o sorriso e a palavra certa no tempo certo, a compreensão e a firmeza que não cede.

Uma Sacerdotisa não se desmotiva. Qual coluna do Templo, qual pilar de mármore, resiste a todas as convulsões, a todos os abalos, e contra ela vão os penitentes encostar as suas dores e as suas faltas...

Uma Sacerdotisa ama. Acima de tudo ama tudo - pois que tudo aceita e compreende.

Uma Sacerdotisa possui o dom da esperança nos seus olhos - e à esperança sacrifica bem-estar e comodidade.

Maria (mater)

Serenidade (comentário)

Serenidade é comunhão. Quem comunga da grandiosidade da criação, quer nos seus aspectos Yin, quer Yang, entra na unidade e torna-se Sereno - atingiu o estado de Confiança.

Sabe ó Sacerdotisa: em ti mesma és intocável e indestrutível! Porque te preocupas, pois, com essas vestes corruptíveis que um dia irás abandonar?

Acaso é o Sol mais belo que a Lua? Como o saberias se não existissem ambos para que os pudesses comparar?Acaso é o Verão mais belo que o Inverno? Que dirias da Primavera e do Outono que participam da natureza de ambos?

Sê pois o Ocaso do mundo e que o teu Irmão seja o seu Amanhecer - só assim existirá a expansão do fogo do Meio-dia e a pedra cristalina da Meia-noite. E por vós, ó consagrados Sacerdotes, entrarão no Universo os Deuses de Fogo e os Homens de Cristal.

Entrega-te ao Raio Luminoso da Meia-noite com a mesma plenitude com que te entregas à totalidade luminosa do Meio-dia. E de deslumbramento em deslumbramento beberás da plenitude da vida e conhecerás o maior dos êxtases e a mais devastadora das paixões.

Procurais nos vossos amantes a eternidade? Eu porém digo-vos: só existe continuidade nesse lugar que se situa entre a prata e o ouro, entre a sombra e a luz, esse lugar atemporal onde todas as coisas possuem o mesmo valor e a mesma força.

Não recebas com uma mão e não dês com a outra: dá antes com as duas, e que tudo o que venha até ti seja canalizado para o mundo. Nada retenhas, nada prendas, para que não fiques retida e presa.

Tu és a Bela-a-Pastora - muito mais do que uma guardiã de rebanhos, és tu! És a Beleza que protege, e o teu cajado chama-se Serenidade. Sem ele serás menos que uma Sacerdotisa e mesmo menos que uma mulher, pois que ousaste pecar contra o mistério, acercando-te dele com a alma carregada da iniquidade da terra, coisa que uma mulher do mundo não ousaria. Tem cuidado! Perder-se é mais fácil que encontrar-se.

Se não tiveres Serenidade não serás minha Discípula, mas uma fraude. Não terás Serenidade no coração enquanto te restar crueldade e maledicência. Enquanto acusares, mesmo os que merecem a acusação. Não terás Serenidade enquanto desejares ainda algo para ti própria.

Vê que longe estás! Eu porém vejo-te e não me poderás enganar, nem mesmo vestindo as penas mansas da pomba!

Maria (mater)

Serenidade

Uma Sacerdotisa não pode dar em si guarida à angústia da revolta, à frustração da carência.

Não estabelece padrões para aquilo que quer receber, pois só há uma coisa que anseia: a plena Luz, o Ilimitado Som, a Inefável Cor.

Uma Sacerdotisa não estabelece padrões para aquilo que quer dar, mas atentamente encaminha o comportamento das ovelhas, de acordo com a verdade de cada uma delas, para que nem uma só, do rebanho da Deusa, seja rejeitada.

Maria (mater)

Coragem (comentário)

Ser capaz de descer ao mais fundo e negro abismo, com a certeza de apenas existir a Luz - eis a Coragem Sacerdotal.

Não temer o demónio e enfrentá-lo - eis o salto mais alto, a afronta mais justa. A grande, a última coragem está em arriscar a segurança da personalidade sem discutir o preço - calcular só Deus calcula.

A segurança só em Deus existe - não nos jogos com que nos cremos senhores do destino. Não controles o teu Destino, Ó Sacerdotisa! Deixa-te antes controlar por ele - ou falharás.

Dominar a vida? Sois porventura maiores que ela, ou mais poderosos? - A vida é uma força inelutável, é o próprio Deus em movimento, e só vos exige uma atitude: estar disponível, como a amante para o amante, ou o útero da terra para os seus filhos. A Vida apenas procura eternizar-se, nada mais. Entrega-te à Vida, e eterniza-te com ela!

A Deusa do futuro não conhece o medo e anseia pelo que desconhece - sabe que só o presente existe!

Curar e ensinar - deveriam ser os teus primeiros objectivos, ora, como ensinarás se não fores sábia? E como curarás se não estiveres sã? Aprende e cura-te - só então estarás pronta para o Verdadeiro Sacerdócio. Só então poderás exercer a Verdadeira Coragem.

Não desbarates este tempo breve em prolongadas vanidades. Aplica-te e trabalha: sobre ti, primeiro. Sobre os outros depois! Ou no fim apenas te restará nas mãos um fátuo golpe de vento e o terrível desgosto do último momento onde a vaidade já não cabe. Assim o Mestre te avisa!

Maria (mater)

Coragem

Uma Sacerdotisa é firme como um rochedo. Inamovível como uma montanha, optimista como as espécies da terra que se deitam à noite com a certeza de um novo dia.

Uma Sacerdotisa afronta o medo e salta no escuro abismo, sabendo que no seu fundo, só a Luz pode existir - pois as trevas mais não são do que aparências que se dissipam quando olhadas dentro dos olhos...

Uma Sacerdotisa arrisca tudo - segurança, ambições, certezas... por obediência ao Mestre que do fundo do Ser a chama com voz troante.

Uma Sacerdotisa não olha para trás, pois que para ela só o presente existe - e o ideal de um futuro de alegria e luz que constrói com as próprias mãos.
Uma Sacerdotisa cura. Uma Sacerdotisa ensina.

Maria (mater)

Confiança (comentário)

Confiança é a solicitação básica que o Mestre faz ao Discípulo. Sem confiança não existe discipulado. Ainda que a noite se fizesse dia e o dia se fizesse noite, o dever do Discípulo seria, ainda e sempre, Confiar.

É que o Discípulo foi avisado, no início do percurso, que chegaria o dia em que, dependurado na árvore (Arcano XII), ele teria de enfrentar o que está em cima estando em baixo e o que está em baixo estando em cima.

Confia em Mim! Confia em Mim! É o grito que vem da Alma do Mestre até à Alma do Discípulo!

Ainda que o sofrimento te pareça insuportável, lembra: um dia terás de suportar o ardor dos cravos - e só então entregarás a Alma!

Se queres conservar-te, foge, pois com o Mestre apenas alcançarás, como recompensa, a estrutura do vaso vazio, onde cabe a Luz Universal - nada mais.

Confiar no Mestre é saber que a tua vida te não pertence, e que nem um só dos teus passos será dado, sem que por detrás dele esteja a Mão do Mestre.

As provações são o Fogo com que o Mestre testa os Discípulos que quer e afasta os que não quer. Que ninguém, sem ser Ele, se atreva a podar os ramos da árvore à sombra da qual o Mestre se senta!

De tudo o Mestre se serve: dos nossos amigos e dos nossos inimigos, para encaminhar os nossos passos para onde nos quer.

Que não haja revolta nem rancor contra ninguém - mas Amor equitativo a todas as criaturas.

Que ninguém proteja aquilo que o Mestre expõe, mas que tão-pouco exponha aquilo que o Mestre protege!, pois que nenhum Discípulo se encontra para além da Sabedoria com que o Mestre dispõe Exposição e Protecção.

Amar é Confiar e praticar a Lei da Não Interferência. Olhar os lírios do campo e as aves do céu, é a única inocência permitida à Sacerdotisa. Tudo o resto deve ser Vigilância e Silêncio.

Maria (mater)

Confiança

Uma Sacerdotisa olha os lírios do campo e as aves do céu e não se preocupa com o amanhã. Sabe que para lá dos seus pequenos espaços existe um espaço único de comunhão com todas as coisas vivas, onde não existe carência, pois que reina a confiança.

Uma Sacerdotisa não protege os que lhe são queridos, pois toda a protecção pertence por natureza e direito a cada ser vivo, por vontade do seu Criador.

Uma Sacerdotisa não se substitui às dores alheias, pois sabe que a necessidade do Universo clama: a cada ser a sua dor e o seu crescimento.

Maria (mater)