quinta-feira, 28 de julho de 2011

Despersonalização (comentário 1)

Sem Morte não existe Nascimento. Se quereis nascer como Sacerdotisas, tereis de morrer como mulheres.

Morrer como mulher não significa negar o feminino, mas antes transcendê-lo e vivenciá-lo naquilo que possui de mais sublime e mais sagrado: o Amor a todas as coisas vivas, a Maternidade de todas as coisas vivas - sem excepções.

Despersonalizar-se é ter a coragem de retirar a máscara. Mas, cuidado, porque está bem colada ao rosto e é muito astuciosa, disfarçando-se com disfarce debaixo de disfarce!

Ter alcançado o dom da Despersonalização não significa dizê-lo. Quem fala de si e das alturas que alcançou, é porque ainda não morreu.

Fazer qualquer referência a si própria, mesmo que negativa, é ainda estar bem viva, e da pior forma: com remorso e culpa.

Mas fazer referências elogiosas a si próprio consegue ser ainda pior - é o mesmo que acreditar que lá por uma pedra se ter tornado preciosa, possui mais valor do que a montanha no seio de que se criou.

A Sacerdotisa não fala na primeira pessoa. Deveria pensar em si como “ Ela, a Sacerdotisa “.
A Sacerdotisa que diz: “ Eu fiz! Este mérito é meu! “ acredita absurdamente que em meio de tantas galáxias e ninhos de estrelas, ela consegue criar individualmente.

A Sacerdotisa que diz: “ Eu não sou capaz! Eu não sei fazer melhor “ está a condenar-se a si própria à mediocridade e, pior que isso, está a pedir perdão e a incitar ao reconhecimento de um mérito que disfarça sob uma falsa modéstia.

A Sacerdotisa que, no Sacrifício da Missa ousa usar o privilégio da Homilia para fazer auto-referências, boas ou más, está a desperdiçar a ocasião e a oportunidade que o Mestre lhe dá para acordar os outros, enchendo o ar com palavras de vento, proferidas pela máscara. Nos Ofícios Sagrados é-vos proibido falar de vós mesmas.

É preciso esquecer o que fomos há instantes, para recordar quem seremos daqui a instantes.

Nunca faleis do passado, nem mesmo do mais próximo e mais feliz ou mais traumatizante. Fazendo-o, tentais parar o mundo que quer girar.

O vosso umbigo deve ser o centro do Mundo, ó Sacerdotisas - mas não do vosso mundo particular - de todo o Cosmos Criador, e quem se assume como Umbigo (Omphalus), liberta-se do resto do corpo. Dai o umbigo que sois, ao mundo.

Maria (mater)

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